domingo, 7 de dezembro de 2014

SÃO SÓ LEMBRANÇAS...

Publicamos abaixo mais uma das crônicas produzidas pelos alunos de 8º e 9º anos que participaram do Concurso Literário Flink Sampa 2014, sobre a vida e a obra da grande escritora Carolina Maria de Jesus.

Carolina Maria de Jesus em noite de autógrafos no lançamento de seu livro



                           São só lembranças...

Dizer adeus nunca foi muito meu forte.

Esta casa tem grande valor para mim, pois aqui vivi momentos imensamente felizes, e também tristezas marcantes. Agora, tenho de deixá-la.

Aqui cresceram Laura, Diana e o pequeno Cristiano, - “Ah meu Cristiano, quanta falta você faz!”.

 Me encontro agora empacotando pedaços de um passado que levarei comigo. Desde moça eu tenho o costume de guardar recordações. Vasculhando caixas, deparei-me com as fotos de minha família.Tempos difíceis.

Morávamos os sete numa casinha no meio da roça. Meus pais se conheceram na Bahia, onde casaram e viveram boa parte de sua vida. Passávamos inúmeras dificuldades e tivemos de aprender a ser unidos. Papai ganhava pouco, o aluguel vivia atrasado. Mamãe lavava roupa para fora e quando não tinha clientes vendia doces na cidade. Lembro-me como se fosse ontem: eu e os pirralhos levando a maior surra por tentar pegá-los às escondidas. Quanta vontade, quanta fome passamos ali.

Viemos para São Paulo quando eu tinha quinze anos, em busca de emprego. Ajudava muito em casa. De todos nós, a caçula Luiza foi a única a frequentar escola no período certo. Os outros entraram atrasados e por isso eram alvos de chacota dos “canetinha Silva Penha”, os fresquinhos que possuíam bons livros e as tais canetinhas caras, que eram o sonho de várias crianças na época.

 Zezinho era o segundo mais novo. Eu já tinha doze anos quando ele nasceu. Era de todos o mais arteiro e já havia levado incontáveis surras antes mesmo dos sete anos. Eu  e Zezinho somos os únicos vivos.  

Depois de um tempo que deixamos a Bahia, mamãe passou a trabalhar dobrado, pois meu pai caíra doente de tanto trabalhar. Meu pai foi outro forte, que viveu até os noventa e dois anos, e chorou a morte daquela que tanto o amou. Mamãe faleceu aos oitenta e sete. Meus irmãos já eram crescidos e passaram a sustentar a casa com seus trabalhos.

Luiza foi a que conheceu o trabalho mais tarde. Estudou até o terceiro ano e logo arrumou um emprego de vendedora.

Todos nós arranjamos sequelas daquela época, Luiza em sua saúde, Marlene que já é falecida, urinava todas as noites em sua cama e dizia ter medo de algo que nem ela mesma sabia descrever. Cláudio, que também já faleceu, vivia cheio de manchas de surras por não saber o limite de papai. Lembro-me dele chorando com fome e papai mandando-o ir dormir para que esta se fosse.

Eu, por ser a mais velha, presenciei muitas brigas de meus pais e consolei diversas vezes minha mãe por sentir-se envergonhada de não poder comprar presentes para os pequeninos no natal e em seus aniversários.

Foram tempos difíceis aqueles e mentiria ao dizer que sinto saudades, mas queria poder rever cada um de meus irmãos e beijar meus pais.

Já tive que me despedir tantas vezes...

Lá vou eu! Encontrar-me com novas tristezas e novas felicidades. Sensações e sentimentos que se tornarão apenas lembranças.
 
(Rafaela Gomes Mota - 9º ano B)
 
Para saber mais sobre Carolina Maria de Jesus:

LAMÚRIAS DE UM TEMPO ANTIGO


Publicamos a última crônica inscrita no Concurso Flink Sampa de Literatura 2014, que teve como tema a escritora Carolina Maria de Jesus e sua obra "Quarto de Despejo". Aproveitamos para parabenizar aos alunos que representaram a EMEF Achilles com seus textos.

Lamúrias de um tempo antigo

Ali parada, no meio da rua, chorou.

Há muito já não tinha vida. Era uma existência fria, vazia, plenamente exata. Não haveria reviravoltas, alegrias ou tristezas, paixões ou desilusões; sua vida era tão previsível quanto o nascer do sol ou a rotação da Terra.

As marcas daquela existência sofrida escancaravam-se no seu rosto: rugas, talhos fundos em sua face, como que feitos à navalha. Os olhos leitosos, de cor indefinida; olhos que praticamente não enxergavam mais nada; e que, porém, já haviam visto muito. A cabeça alva que denunciava as primaveras avançadas.

Ainda se recordava daquela rua. Com a memória, derrubava as casas e prédios, o asfalto e a tinta; e quase conseguia reconstruir as macieiras, o casarão, as sinhazinhas correndo pelo gramado, os negros, indo e vindo com seus próprios afazeres, sonhos e humilhações. Não passava de uma criança, dois ou três anos talvez.

As lágrimas escorriam sem perceber. Os carros no tráfego pararam, mas ela não ouvia as buzinas; e sim os gritos, as lamentações, os apelos de misericórdia de outrora. Os carros esperavam; algumas pessoas observando no meio-fio, aquela senhorinha negra chorando as lágrimas de milhões de antepassados.

De repente, o baque, um som oco, um corpo ao chão. Passados cinco impressionantes segundos, um filho de Deus se dignou a socorrê-la. A senhorinha agonizava próxima à faixa de pedestres, e em sua alma sentia o flagelo e a desolação de milhares de antepassados.

— Minha senhora! O que está sentindo? Senhora! — não houve resposta, mas se tivesse havido, talvez aquelas vozes de suas memórias se juntassem à sua no grito.

Alguém conseguiu uma ambulância, e logo ela estava sobre a maca, ainda agonizando.

— Pelo menos, não morreu ali naquela contramão, atrapalhando o tráfego. — alguém disse depois.

Ninguém sabia seu nome ou endereço. O cadáver mal-cheiroso era apenas pele, costelas proeminentes e joelhos ossudos. Há quem diga que havia marcas em seus pulsos e tornozelos, marcas de algemas e correntes. Há também quem jure que havia sangue seco em suas vestes. Apesar disso, no óbito constava apenas ataque cardíaco.

Ela morreu, mas o mundo continuou. Talvez ela houvesse previsto a própria morte. Talvez tivesse ido até ali para morrer. Quem sabe? E quem se importa? Afinal, pessoas morrem todos os dias. Ela havia ido para junto dos seus.
(Giovana Bastos Oliveira - 9º ano B)

Para saber mais sobre Carolina Maria de Jesus:

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

DO OUTRO LADO DA RUA

Publicamos mais uma das crônicas  inscritas no Concurso Literário Flink Sampa, cujo tema foi o centenário de nascimento da escritora Carolina Maria de Jesus. O texto abaixo é de Augusto Evangelista, do 8º ano B, que se inspirou nos relatos da autora no livro "Quarto de Despejo: diário de uma favelada" para criar um narrador que observa e reflete sobre o cotidiano da favela, sobre a miséria e o preconceito que persistem quase seis décadas após a escrita de Carolina.






Do outro lado da rua


Hoje eu estou me mudando para uma casa que é de frente à subida pra favela. Do meu quarto dá pra ver todas as casas e barracos, então, depois da entediante arrumação da casa, fui para janela espiar com meus binóculos o que estava acontecendo. Vi uma mulher com uma roupa velha e suja descendo com uma sacola de latinhas pra trocar no ferro velho. Pelo seu corpo magro, parecia que ela não comia há dias, mas logo percebi que não era só ela que parecia um palito.

Enquanto eu voltava da escola na segunda-feira, uma menina da favela foi xingada, empurrada e chorou, pois vários meninos ficavam faladando palavras muito feias como “Sua negrinha”, “Favelada”, “Preta do cabelo duro”, “Sua fedida” e outras coisas que prefiro não dizer. O pior era que as mães desses meninos nem ligavam pro que eles estavam dizendo, pareciam até estar gostando.

Na terça-feira, fui comprar pão na padaria do seu Joaquim, e a mesma menina que no dia anterior foi xingada estava pedindo fiado pro comerciante, pois faltava um real para pagar tudo. Seu Joaquim demorou um tempo até aceitar, mas disse que seria só dessa vez. Enquanto fazia o meu pedido, dois meninos com roupas extremamente sujas pegaram dois pães doces e saíram correndo, sumindo entre os barracões. Seu Joaquim nem se deu ao trabalho de correr atrás deles, só disse:

- Esses moleques nunca aprendem.

Na quarta-feira, logo que cheguei da escola, fui olhar com os meus binóculos se havia alguma coisa diferente, mas a única coisa foram duas mulheres, cochichando uma com a  outra e dando olhares de desprezo para uma mulher que estava lendo, sentada num banquinho em frente à sua casa. As mulheres deviam estar com inveja porque a mulher sabia ler e elas não.

Na sexta-feira, uma roda se samba se formou no pé da subida da favela.  Havia uma voz que se destacava por ser afinada e muito bonita, porém, mesmo com os binóculos foi difícil achá-la. A voz era a da mulher que eu vi com a sacola de latinhas. Sua alegria era radiante. Na hora percebi que  só porque uma pessoa tem um olhar de tristeza ou é pobre, não quer dizer que ela não pode se divertir.

O sábado foi totalmente ensolarado. Depois de um bom mergulho na piscina, fui ver com é que eles estavam se dando com o calor. Estavam todas as crianças tomando banho de mangueira, e isso parecia até mais divertido do que um mergulho na piscina.

O domingo foi um almoço de família. Enquanto meu primos brincavam, resolvi ficar espiando a conversa do meu pai e do meu tio, que estavam dizendo que o Brasil estava em perfeitas condições e que não precisava melhorar muito. Então eu fiquei pensando: “Se estamos em condições boas, por que tem gente passando fome, sem moradia, sem trabalho e sem outras coisas?”. Quem sabe eu não encontre as respostas para essas perguntas ali, do outro lado da rua. 

(Augusto Evangelista da Silva - 8º ano B)

Para saber mais sobre Carolina Maria de Jesus:

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

ALUNA É FINALISTA DE CONCURSO LITERÁRIO SOBRE CAROLINA MARIA DE JESUS



 
“...Não digam que fui rebotalho, que vivi à margem da vida.
Digam que eu procurava trabalho, mas fui sempre preterida...”
 
A escritora Carolina Maria de Jesus foi a grande homenageada da Flink Sampa - Festa do conhecimento, literatura e cultura negra, ocorrido nos dias 22 e 23 de novembro de 2014, no Memorial da América Latina. Entre as várias ações que fizeram parte do evento houve o Concurso Literário, que premiou crônicas produzidas por alunos do ensino fundamental e médio e que tiveram como tema a obra "Quarto de Despejo: diário de uma favelada".
 
A Flink Sampa preparou uma página especial com a cronologia e a biografia da escritora que rompeu barreiras sendo a primeira mulher negra e favelada a publicar um livro que alcançou grande sucesso no Brasil e no exterior (http://www.flinksampa.com.br/index.php/about/homenageada).
 
Ester exibe seus prêmios
 
A EMEF Achilles participou do Concurso Literário com quatro textos. Entre eles, "As lutas de Rita", escrito pela aluna Ester Messias da Silva, do 8º ano C, que ficou entre os 10 finalistas.
"Gostei muito de participar do concurso. Aprendi sobre a autora e gostei bastante da maneira como ela escreve. Pretendo ler outros livros dela e continuar escrevendo e participando de outros concursos como esse", disse Ester.
Sua crônica está reproduzida abaixo. As demais serão publicadas nas próximas postagens. Parabéns, Ester!


 
 
 
 
 
 
As lutas de Rita

 Só descobri que era negra quando me vi num ambiente dos brancos.

Até então desconhecia o mundo dos mais favorecidos e suas diferenças, pois fui criada numa favela chamada “Puxadinho”, classificada pelos entendidos como a mais violenta da cidade São Paulo.

Puxadinho localizava–se no bairro do Jardim Ângela e era conhecida por sua grande população (boa parte negra ou afrodescendente) que só aumentava junto com a pobreza estrondosa e o impacto na violência, sendo esquecida pelo governo em seus planos ressocialização.

E nesse bairro, eu nasci, filha de uma mãe solteira, vinda da Bahia, com mais 6 irmãos. Meu pai ou “estranho”, pois a única coisa que sei sobre ele é que era um dos principais traficantes do Puxadinho,  morreu em uma troca de tiros com a Polícia, deixando seu cargo influente no ”PCC“ e 7 filhos para trás.

Eu vivia desconfortavelmente num barraco de madeira, no meio de um beco no alto de um rio, apertado, com cheiro de esgoto. Crescendo, vi minha mãe trabalhar em vários empregos para criar  tantos filhos e assim fui me tornando meio mãe também.

Mas, apesar de tanto sufoco, mesmo que de forma inconsciente, minha mãe não aceitava seu estado - ser negra, pobre, analfabeta e ser tratada como miserável -, pois sua maior preocupação era que os filhos fossem tudo que ela nunca foi na vida.

Surgiu daí sua coragem para lutar e insistir em nos guiar pelos estudos, pois ela tinha um sonho. Foi por essa insistência que conseguimos frequentar uma escola com mais recursos, perto de onde ela trabalhava.

A maior satisfação da minha mãe era quando nos empenhávamos na escola, tirando notas boas. Eu, como irmã mais velha, tinha o dever de zelar pelo bem dos mais novos, o que não era fácil, pois eu e meus irmãos sempre éramos alvo de brincadeirinhas.

- Olha, lá vem turminha dos mulatos, os mortos de fome.

Fora quando não éramos agredidos. Parecia que éramos  saco de pancadas, alvo de piadas maldosas só por não sermos “brancos". Enquanto os professores nos elogiavam, éramos criticados pelos colegas. Para cada nota boa, mais hostilizações, porém sempre dei apoio e conselhos a meus irmãos. Só ressaltávamos as coisas boas (que na verdade não eram muitas) para nossa mãe.

Dentro de mim sentia que havia uma missão, não só de ajudar minha humilde família, mas de fazer a diferença para as pessoas ao meu redor.

Depois de frequentarmos passeatas e projetos, resolvemos levantar nosso próprio projeto, que cada vez mais crescia com o intuito não só de uma raça ou etnia, mas de lutar pelos direitos dos negros e dos mais pobres no ingresso a uma universidade. Com nosso projeto, ajudamos  muitos jovens de baixa renda a entrar em instituições públicas e privadas através de bolsas.

Mesmo com este nosso projeto nossa vida não ficou como um “mar de rosas”, mas foram muitas as conquistas ao longo de 10 anos, não só nossa vida social, mas na de muitos moradores do Puxadinho.
 
(Ester Messias da Silva - 8º ano C)






segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Ditadura Militar - Imagens e Mensagens



No 3º bimestre de 2014, os alunos de 9º ano desenvolveram atividades para o projeto interdisciplinar DITADURA MILITAR - IMAGENS E MENSAGENS, sob a coordenação da Professora Neuza Carvalho (História) e que envolveu os também professores de História Carol Sevilha e Willian Sartório, o professor de Artes, Elias, e a professora da Sala de Leitura, Nágila.
O projeto foi finalizado com uma exposição montada no dia 12 de setembro de 2014, que recebeu a visita dos alunos de 7º e 8º anos.
Abaixo, temos dois relatos. O primeiro é de Alexsander dos Santos, aluno do 9º ano que participou do projeto. O segundo, de alunas do 8ª ano, traz os comentários dos visitantes da exposição, suas impressões e aprendizagens proporcionadas pela experiência.


Vinte e um anos de Ditadura Militar num só dia
Por Alexsander dos Santos (9º ano)

Nós, alunos do 9º ano da EMEF Des. Achilles de Oliveira Ribeiro, fizemos um trabalho sobre a Ditadura Militar no Brasil. Com a orientação dos professores, criamos três salas que simbolizam aspectos marcantes daqueles "anos de chumbo".
A primeira sala foi a dos presidentes, onde os alunos explicaram sobre os seguintes temas: economia no período do regime militar, Atos Institucionais, resistência, presidentes de antes e depois do Golpe, as "Diretas Já" e o Golpe Militar propriamente dito. Os alunos monitores que ficaram nessa sala usaram camisa preta e calças jeans para que todos estivessem cientes que deveríamos estar de luto por esses 50 anos da Ditadura.
A segunda sala foi das torturas e repressão. Os alunos monitores usaram roupas e maquiagem para representar os torturados e desaparecidos e também falaram de artistas que faziam músicas camufladas conta a Ditadura, como Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil, entre outros, que foram considerados subversivos. Subversivos eram pessoas que combatiam a Ditadura e queriam o retorno da democracia. Os monitores contaram dos exilados, explicaram o que é censura e para encerrar,  três monitoras cantaram a música "Pra não dizer que não falei das flores", de Geraldo Vandré.
Na terceira sala, os alunos montaram uma discoteca dos anos 60 aos 70. Eles ensaiaram danças famosas da época, se vestiram como as pessoas daquele tempo e explicaram que a sala representava as pessoas que só queriam se divertir e eram desligadas ou desinformadas dos problemas sociais e políticos do país, os denominados "alienados".
Eu achei muito boa a experiência do projeto sobre a Ditadura Militar para não só aprendermos sobre esse tema, mas também para não deixarmos esse regime voltar. Devemos ter nosso direito de expressar e argumentar como queremos. Se temos direito à liberdade, podemos conquistar muito mais.


Alexsander dos Santos preparando material da exposição com suas colegas Ana e Letícia


Apresentação sobre a Ditadura Militar

"A apresentação dos 9ºs anos sobre a Ditadura Militar foi espetacular. Na exposição, a colaboração, a dedicação e o desempenho dos alunos foi excepcional. Eles mesmos explicavam sobre a Ditadura Militar (tema sobre o qual estudaram por aproximadamente 1 bimestre). Foi uma explicação simples e rápida, porém direta. Havia três salas de exposição, sendo que todas elas com cartazes, imagens e com alunos explicando sobre a época da Ditadura. Os alunos estavam todos caracterizados como torturados ou dançarinos da época. (...) Parabenizamos os alunos do 9º ano pela grande apresentação."
(Vanessa Manastella e Fernanda Rosa)

"A Ditadura Militar ocorreu no Brasil de 1964 a 1985. Durante a Ditadura Militar a população não podia escolher seus representantes, as manifestações e as passeatas eram considerados crimes e quem as fazia era chamado de subversivo. (...) O governo controlava tudo, desde manchetes no jornal até peças de teatro que muitas vezes desapareciam sem motivo algum. Até canções eram censuradas, fazendo com que artistas tivessem que mudar de nome. Jornalistas, artistas e até mesmo pessoas normais que eram consideradas suspeitas desapareciam e eram torturadas; às vezes, morriam."
(Caroline G. de Andrade, Mariana Araújo e Karen Lira)

Professora Carol Sevilha recepcionando os alunos Vanessa, Augusto, Pablo e Guilherme na visita à exposição.


***

Outras imagens e a descrição do projeto podem ser vistas na apresentação abaixo.


segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Mostra Cultural 2014 - Criatividade e Criticidade




No sábado, 27 de setembro, foi realizada a mostra de trabalhos da EMEF Des. Achilles de Oliveira Ribeiro, que contou com nove  salas de exposição e três salas temáticas. Os trabalhos expostos foram executados através de projetos envolvendo todas as turmas da escola.

         Uma das exposições mais concorridas foi a mostra sobre a ditadura militar, representativa do projeto Imagens e Mensagens coordenado pelos professores de História e da Sala de Leitura, com colaboração dos outros professores das turmas de 9º ano.

         Além das salas de exposição, ocorreram apresentações de dança orientadas pelos professores Wagner, Maria Lúcia, Flávia e Sônia.

         A comunidade esteve presente e pôde apreciar o trabalho desenvolvido pelos professores e alunos da escola. Na data, também contamos com as visitas das senhoras  Keiko – Supervisora – e Maria de Jesus – formadora de DOT-P da DRE São Mateus.

         Agradecemos a toda equipe escolar pelo sucesso de nossa Mostra Cultural.
 
 

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Festa Junina : Diversão Garantida

Por Ester Messias (8° ano C)
Após participar do evento “Festa Junina” que as professoras Nágila (Sala de Leitura) e Neuza (História) organizaram no dia 01 de agosto de 2014, recebi  uma oportunidade de relatar como foi a experiência. Me senti  lisonjeada por  poder  fazer  a alegria daquelas crianças tão lindas! Ver aqueles rostinhos soou como um convite para que eu as puxasse para dançar. Fazer com que eles pudessem ter uma manhã divertida e diferente, foi ótimo. Via como elas se sentiam, como se estivessem em casa brincando, ou até mesmo em um parque com escorregador, balanço e gangorra. Uma sensação não tão comum hoje em dia. Na festa havia comidas, músicas, uma decoração bem agradável e bem colocada, feita por nós, mediadores da Sala De Leitura EMEF da Achilles.

Surpreendeu-me como os mediadores também se sentiam. Pareciam ter 6, 7 anos como as crianças, brincando, correndo, e até mesmo cavalgando com seus pequenos parceiros. Sorrisos inocentes, que jamais podem ser substituídos. Outra coisa muito interessante que eu percebi foi que nós, mediadores, também temos (ainda) nosso lado criança, um lado que em momentos como este, divertidos e alegres, aparece! E que por sinal é muito bom. Porque afinal , rir, correr e até cavalgar, não é chato. Às vezes precisamos sair um pouco desse pensamento: - “Já tenho tal idade e não posso e não preciso fazer isso.” E se fizer? Qual o problema? Afinal todos, isso mesmo, todos temos, pelo menos um pouco, um ladinho criança, certo? Interagir com as crianças, foi a melhor opção que poderíamos ter tido.

À tarde, fiquei surpreendida, como o pessoal dos  5ºs,  7°s, 8°s e 9°s anos estavam animados,  “agitaram” a  festa com a ajuda das músicas que o professor Willian Sartório, tocou ao longo das festas! Outra coisa que gostei foi que não ligaram se alguém estava rindo ou achando que estavam doidos, estavam apenas querendo se divertir com seus amigos, em uma tarde quente. É prazeroso e não vergonhoso. Digo isso de mim mesma. Tocaram músicas que agitavam cada vez mais os alunos e professores! Foi (também) uma ótima forma de tirar aquela vergonha que alguns estavam sentindo.

Umas das coisas que mais gostei foi o Correio Elegante,  com quadrinhas,  que os alunos e mediadores da Sala De Leitura da EMEF Achilles proporcionaram para nós! Com o Correio nós nos sentimos mais livres e mais confortáveis para expressar nossos sentimentos, tanto de amizade, quando até um sentimento maior! Todos se sentiram literalmente  mais à vontade de falar o que sentem. Eu particularmente adorei a ideia! Tanto alunos mandaram para alunos, como alunos para professores! Isso foi uma ótima forma de aproximar e também de fazer as pessoas  se sentirem à vontade ao falar de seus sentimentos!

A atração principal, que também fez muito sucesso, foi a Quadrilha, ensaiada pela professora Lúcia (Educação Física)! Tive a sensação de estar mesmo em uma roda de quadrilha no Nordeste ou em outros lugares. Foi uma dança tão atrativa, que envolveu alunos que vieram ver a apresentação e para a festa, e também os professores que estavam se divertindo muito! Ambos se soltaram e adoraram. Senti-me muito bem, olhei para meus colegas e professores e percebi que participar desde evento que mexeu com toda escola foi a melhor escolha entre “sim" e "não”.  Essa experiência foi muito boa, e garanto que meus parceiros de mediação também estão satisfeitos com essa grande festa!



Veja mais fotos abaixo:

domingo, 3 de agosto de 2014

MEMORIAL DA RESISTÊNCIA: CONHECER A HISTÓRIA PARA NÃO REPETI-LA

No 3º bimestre de 2014, está sendo desenvolvido um projeto interdisciplinar com o tema, a "Ditadura Militar no Brasil", articulando a Sala de Leitura com os professores de História do 9º ano - Neuza Carvalho, Willian Sartório e Carol Sevilha. Uma das ações previstas foi a participação de cerca de 80 alunos dos 9ºs anos em  uma visita monitorada ao Memorial da Resistência, nos dias 30 e 31/07/2014.
"O Memorial da Resistência de São Paulo é uma instituição dedicada à preservação de referências das memórias da resistência e da repressão políticas do Brasil republicano (1889 à atualidade) por meio da musealização de parte do edifício que foi sede, durante o período de 1940 a 1983, do Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo – Deops/SP, uma das polícias políticas mais truculentas do país, principalmente durante o regime militar." (fonte: http://www.memorialdaresistenciasp.org.br)
O relato da visita e o seu impacto na formação desses jovens foi feito pelo aluno Roberto Taroco (9º ano B), que pode ser lido abaixo.

VISITA AO MEMORIAL DA RESISTÊNCIA

por Roberto Taroco

No dia 30/07/2014, nós, alunos dos 9º anos da EMEF Achilles, fomos até o Memorial da Resistência, onde durante a Ditadura Militar funcionava o DEOPS, e foi de longe, uma atividade muito diferente.
Uma das melhores partes de ter ido lá, foi poder saber um pouco mais sobre como funcionavam as prisões políticas e principalmente o que acontecia com quem ia contra a forma de governo durante os regimes ditatoriais.
O espaço lá é muito bacana, nós fomos muito bem recebidos.
Logo na entrada, havia uma exposição sobre futebol (sempre ficam lá exposições temporárias), já que poucos dias atrás havia acabado a Copa do Mundo; mas não era apenas uma exposição sobre futebol de forma geral não, ela abrangia uma parte mais esquecida desse esporte, a sua ligação com a política. E não só agora. Muito pelo contrário, havia textos e informações sobre como funcionava o futebol na época do Regime Militar e também havia algumas informações dos dias de hoje, mas é claro, relacionados à política.
No centro, tinha uma televisão com alguns ex-esportistas ou pessoas relacionadas com futebol da época, dando detalhes de como funcionavam os jogos, como era a torcida, o que ocorria nos bastidores dos jogos, e como era importante esse esporte para o Brasil.Um dos relatos até dizia que quando alguém era exilado, era quase uma tortura ficar sem futebol, como no caso de um dos homens do vídeo, que foi exilado em Cuba, e lá sequer se ouvia falar nesse esporte.
Não demoramos muito na exposição, até porque, não estávamos lá para isso. Nos dividimos em dois grupos, e então as nossas guias seguiram com os grupos para lugares diferentes, mas no final todos vimos as mesmas partes.
Na primeira sala havia uma maquete de como funcionou a delegacia, mas o mais interessante dessa maquete, é que ela estava incompleta, não por erro, mas propositalmente; ela foi feita com relatos de ex-presos de lá, e procurava ser o mais fiel possível com o que eles viam, não era muito, até porque eles não saiam de suas celas para nada além do banho de sol ou serem interrogados e torturados.
Havia lá também, uma linha do tempo, que foi o que mais me chamou a atenção na sala (aposto que não só a minha, mas a de todos também). Ela fazia uma ligação entre os fatos políticos que aconteciam no Brasil, com os mandatos, a ditadura, e também com o que acontecia no exterior, mostrando se isso afetava de alguma forma nosso país.
Após isso, fomos ver a parte das celas e, como era de se esperar, onde surgiam as mais diversas dúvidas, mas a maioria podia ser respondida com os textos que havia nas paredes, que eram curtos, mas diziam muita coisa, pois eram de quem já ficou preso lá. Coisas como ''Usaram meus filhos contra mim''; ''Ficavam aqui até 18 pessoas''; ''Ficávamos até 150 dias sem tomar banho''; ou ''A tortura começava com o barulhinho da chave na porta''; eram as frases que mais chamavam a atenção, e eram as mais impactantes também.


Fomos no corredor onde havia o banho de sol dos presos, e onde também diziam que se tramavam os planos para ninguém entregar o outro na tortura, e coisas do tipo. Um corredor não muito grande para o número de pessoas que havia lá, e de certa forma, era tão ruim quanto uma cela.


Mas a ''pior'' parte, sem dúvida foi na última cela, onde haviam os fones, e no centro, tinha uma flor, um tanto quanto fora do convencional, pois era um cravo vermelho. Na sala, podia-se ouvir relatos de ex-presos, que contavam como era a vida lá, e acho que a parte que mais marcou a visita, foi poder ver os diferentes rostos ouvindo as vozes (muitas vezes com tom emocionado, ou desgastadas) e as diversas formas de como os outros alunos pareciam encarar isso, de como funcionava a solidariedade lá dentro, da função simbólica e poética do cravo e das perdas que aconteciam, sem poderem nem sequer ser questionadas.


De uma forma geral, foi sensacional, porque além da ótima explicação das guias, nós escutamos relatos de quem viveu aquela época e já foi preso, e isso é melhor que qualquer explicação que possa ser dada.



Relatos que a maioria ali que ouviu não vai esquecer e, com certeza, começará a olhar de outra forma para o que acontecia naquela época.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

PROJETO HYPERLINK 2014*: A SOLIDÃO URBANA NAS FOTOGRAFIAS DE FÁBIO ASTOLPHO

Foto: Fábio Astolpho


Por Giovana Bastos (9º ano B)

O Projeto Hyperlink 2014 foi uma agradável experiência. O objetivo era fazer os 40 alunos envolvidos se interessarem pela fotografia e pela poesia inserida nela.

Na quinta-feira ( 29 de maio), os educadores do Museu da Imagem e do Som vieram à nossa escola e nos mostraram que tirar uma foto não é apenas apertar um botão. Apresentando-nos diferentes trabalhos de fotógrafos, nos ensinaram que dá para contar histórias e compartilhar sentimentos através das fotos. O último dos fotógrafos exibidos foi Fábio Astolpho, mas ao invés de suas fotos, havia apenas um texto descrevendo o trabalho dele.

E então a gincana começou.

Dividiram-nos em grupos e entregaram uma câmera para cada um. A ideia era percorremos a escola, imaginando como seriam as fotos de Fábio e tentando reproduzir a sua essência.
Lá fomos nós e os resultados foram muito bons! Fotos sensíveis que buscavam mostrar  o sentimento de solidão do ser humano, a solidão urbana. Cada grupo escolheu três fotos para representá-los e assim a gincana acabou.

No dia seguinte (30 de maio), fomos até o MIS, ver a exposição Happy Mountain, do Fábio, e ver se as nossas fotos haviam ficado minimamente parecidas com as dele.

Os educadores organizaram um jogo, no qual metade do grupo fingia ser o artista, e a outra metade, a crítica. Nessa brincadeira, analisamos bem a exposição do artista, expressamos nossas dúvidas e começamos a escolher o que perguntaríamos a ele no encontro. Por que algumas fotos são coloridas e outras não? Por que nessa foto aparecem pessoas e nessa aqui não? Por que fazer um trabalho sobre solidão? Por que relacionar fotografia e poesia?

Guardamos nossas perguntas durante as férias, e no sábado (19 de julho), finalmente fomos encontrá-lo. Ansiosos, entramos na sala; acompanhados da outra escola no projeto. Fábio desde o início foi atencioso e bem-humorado. Todos os alunos de ambas as escolas tiveram liberdade de perguntar o que quisessem, e de um modo bem descontraído e divertido, ficamos sabendo mais sobre o trabalho e sobre o próprio Fábio Astolpho.

Ele nos mostrou suas influências; discutimos sobre a exposição Happy Mountain, sobre o que a exposição falava e o que as pessoas que a viam sentiam. Conversamos sobre a solidão explícita na obra e ele nos contou bastante sobre como foi tirar as fotos.

Mostramos nossas próprias e ele então deu sua opinião de cada uma delas. Foram duas horas agradáveis que passaram incrivelmente rápido. No final, ele sorteou alguns livros e ainda distribuiu autógrafos a cada um de nós. Conhecer um fotógrafo/publicitário, conhecer alguém com um olhar sensível e fotos criativas foi algo importante.

Uma experiência realmente prazerosa.



* O Projeto Hyperlink foi realizado  entre maio de julho de 2014, numa parceria do Educativo MIS com as escolas EMEF Des. Achilles de Oliveira Ribeiro e EE Professor Milton Cernach.

terça-feira, 8 de julho de 2014

Histórias em Quadrinhos (HQ) no Museu e na Escola

Por Lucas Pereira e Guilherme Renan da Silva


Os mediadores Lucas e Guilherme (à esquerda) acompanham e participam da Oficina de HQ

Museu da Língua Portuguesa realiza Oficina de Histórias em Quadrinhos para os alunos do 7º ano


Nos dias 15 e 17 de abril, os alunos do 7º ano participaram de uma Oficina de Histórias em Quadrinhos oferecida pelo Educativo do Museu da Língua Portuguesa. Ao todo, 80 alunos puderam conversar com as educadoras Vivian e Patrícia sobre Histórias em Quadrinhos (HQ) e participar de atividades de criação e adaptação de tirinhas, além de uma rápida visita à Exposição Narrativas Poéticas. A Oficina foi elaborada especialmente para os alunos da EMEF Achilles, como parte de um projeto interdisciplinar desenvolvido pelas Professoras Mirtes (Português), Nágila (Sala de Leitura) e pelo Professor Elias (Artes).
A experiência de um passeio escolar para um local que existe há décadas foi ótimo para os alunos dos 7ºs anos.Os alunos só falaram bem em relação ao Museu e aos educadores e gostariam de participar novamente desse tipo de atividade. A oficina foi o que mais chamou a atenção, pois não tinham  vivenciado essa nova experiência de estar em um lugar diferente. As educadoras também ajudaram muito, pois souberam ouvir e atender a todos os pedidos, o que foi muito legal para os alunos porque se sentiram livres para opinar e sair da rotina da sala de aula. Parte dos alunos voltou ao Museu no dia 06 de junho, para fazer uma visita educativa e vivenciar novas formas de artes, músicas, entre outras. Para eles, o Museu da Língua Portuguesa está de parabéns por seu desempenho e por recebê-los de braços abertos.

A experiência dos Mágicos da Leitura como monitores da visita educativa


A visita de 17 de abril foi acompanhada por nós, Mágicos da Leitura (Jovens Mediadores de Leitura), Lucas e Guilherme. Os alunos entrevistados nos disseram que na hora da entrada ficaram fascinados com a estrutura do Museu. Então, explicamos  um pouco da história do museu, do mesmo jeito  como nos disseram quando visitamos pela primeira vez. O prédio foi construído para ser uma estação de trem, que existe até hoje: a Estação da Luz.  Foi proposto o desafio: se eles conseguiriam achar a data em que o prédio foi inaugurado. Muitos não conseguiram, mas depois mostramos para todos  onde estava a data. Foi uma ótima sensação de todos estarem prestando atenção não só na gente, mas nos educadores também. Mas se já sabiam o ano, eles queriam saber um pouco sobre a história do Museu. Falamos que na verdade o prédio não foi inaugurado em 1900 como estava em volta do relógio, porém  em 1901 por causa de um incêndio. Já que a data estava feita, deixaram desse jeito, pois ficaria mais trabalhoso refazê-la. No caminho de volta para a escola, fizemos mais e mais perguntas, mas não era preciso: os alunos já estavam comentando várias coisas sobre como gostaram do passeio. Uns diziam que queriam ir novamente, outros falaram que a melhor parte do Museu era a oficina. No entanto, o mais comentado era o ótimo desempenho das educadoras, o bom desempenho dos mediadores e até falavam que lá é um perfeito lugar para encontrar amigos.

Veja abaixo um resumo com as fotos da Oficina.