terça-feira, 8 de dezembro de 2015

TCA 2015: Cidadania e leitura em destaque



A apresentação dos TCAs 2015 na EMEF Achilles possibilitou muitas reflexões a respeito de projetos de pesquisa e da cidadania. A maior parte dos projetos apresentados focalizou a desigualdade social em seus vários aspectos: saúde, educação, cultura, lazer, transporte. Outros grupos trouxeram para o debate outros temas complexos e significativos: drogas lícitas e ilícitas, maioridade penal, gravidez na adolescência  e bullying.

A discussão de todos os temas foi trazida com a utilização de linguagens como teatro, vídeo, HQ, maquetes. Entre os trabalhos apresentados, destacaram-se aqueles que trataram da Desigualdade Social na Educação (9º ano B), no Lazer e Esporte (9º ano B) e o Acesso à Leitura (9º ano A), pois, além das pesquisas consistentes sobre os temas escolhidos, apresentaram propostas de intervenção social, demonstrando um olhar apurado sobre as demandas da comunidade em que a escola está localizada.

Como representante da EMEF Achilles na II Mostra de Trabalhos Colaborativos de Autoria da DRE São Mateus 2015, realizada no dia 25 de novembro de 2015, no CEU Sapopemba, foi eleito o projeto apresentado pelo grupo do 9º ano A: O acesso aos livros e leitura no Jd. Imperador. Pelo tema abordado - a leitura -, o grupo foi convidado também a expor o trabalho no Encontro de Formação de Professores Orientadores da Sala de Leitura (POSL) da DRE São Mateus, no dia 04/12/2015. 

Para realizar o trabalho, orientado pela POSL Nágila com a colaboração do professor Elias, a equipe aplicou questionários para jovens de 3 escolas da região, entrevistou donos de bancas de jornal e moradores do bairro, chegando à conclusão de que uma parte significativa dos jovens pode ser considerada como leitor, mas que a concorrência com as redes sociais é muito grande, além de ficar evidente a dificuldade no acesso aos livros na comunidade, já que não existem bibliotecas nas proximidades.

O produto final da pesquisa é um telejornal, o Achilles Expresso Edição Especial - Leitura, que pode ser assistido abaixo. Confira as fotos das apresentações dos trabalhos e, em seguida, o vídeo com o telejornal produzido pelo grupo.



segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

EMEF ACHILLES PARTICIPA DO SEMINÁRIO BIBLIOTECA VIVA 2015



Alunos da EMEF Des. Achilles de Oliveira Ribeiro participaram VIII Seminário Internacional de Bibliotecas Públicas e Comunitárias - Conectando Comunidades  que aconteceu entre os dias 09 e 11 de novembro de 2015, no Centro de Convenções Rebouças.



A equipe do TCA "Acesso a livros e leitura no Jd. Imperador" apresentou o pôster digital na manhã do primeiro dia do evento (veja o pôster abaixo).



À tarde, os mediadores de leitura e alguns alunos do 5º ano convidados realizaram a Leitura ao Pé do Ouvido durante o coffee break, encantando os participantes do evento com essa intervenção que vem se expandindo pelos grupos de mediadores da DRE São Mateus a partir da experiência da EMEF Mascaro.

Para os alunos foi a oportunidade de conhecer e participar de um evento de grande porte em que o livro, as ações e espaços de leitura foram discutidos por especialistas de renome, como Marisa Lajolo, e o escritor Cristóvão Tezza. Mais fotos do evento, abaixo:



EMEF Achilles no Seminário Biblioteca Viva 2015 from Nágila Polido




Para saber mais sobre o evento, acesse:
http://www.bibliotecaviva.org.br/pagina/4/apresentacao


II ENCONTRO DOS MEDIADORES: uma tarde de poesia, música, dança e grafite no CEU São Rafael

A EMEF Achilles participou do evento com seus mediadores e convidados do Projeto Atitude e Expressão, fazendo apresentações de poemas, capoeira, rap e  grafite. O II Encontro dos Mediadores de Leitura da DRE São Mateus aconteceu no dia 22/09/2015, contou com a participação de cerca de 400 alunos de 25 escolas da região, além do Professor  Mestre Vinebaldo Aleixo, especialmente convidado para conversar com os jovens sobre o tema do evento: Etnicidade, Literatura e Juventude. 
A POSL Izabel e os mediadores da EMEF Nicoleto foram os responsáveis pelo acolhimento dos participantes, com músicas e a apresentação dos gritos de confiança de cada escola, quando os grupos de mediadores demonstraram  sua criatividade.  Seguiram-se as apresentações artísticas e os relatos dos mediadores das EMEFs.
A EMEF Achilles participou com os convidados do Projeto Atitude e Expressão, coordenado pelo Professor Willian Sartório. A aluna Alanys declamou um poema de sua própria autoria. A dupla Jonatan e Ingrid cantou o rap "Sono Profundo", composto por ele.
Os mediadores de nossa escola fizeram uma intervenção artística que reuniu  percussão e capoeira para acompanhar a declamação de poemas com a temática da etnicidade. Um dos textos, declamado por todos os mediadores, é de Márcio Barbosa:




NOSSA GENTE

nossa gente também veio
pra ser feliz e ter sorte

nossa gente é quente
é bela e forte

mas às vezes essa gente
passa, inconsciente

sofre, mas não se mexe
ri, mas não se gosta

nossa gente inconsciente
sofrendo, fica fraca

nem vê que por dentro ainda
traz a força da mãe África

não vê que pode vencer
pois tem energia nos braços

e pode ter liberdade
alegria e espaço

superando a pobreza
socializando a riqueza

inventando unidade
solidariedade, abraços

nosso povo é lindo
nosso povo é afro

e perfeito vai destruindo
ódios e preconceitos

"esse povo negro
que se diz moreno"

com suas cores, com seu jeito
é um povo pleno

nossa gente é ventania
é ousadia, é mar cheio

nossa gente também veio
pra ser feliz e ter sorte



Para finalizar uma tarde  cheia de criatividade, entusiasmo e aprendizagens, cada um dos mediadores recebeu de presente uma sacola com um livro, um marcador especial e um caderno de memórias do evento.




quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

UM DIA DIFERENTE!


Em comemoração ao Dia das Crianças, brinquedos e brincadeiras para os pequenos e uma gincana divertida para os crescidinhos.



 No mês de outubro, os alunos  da EMEF Achilles tiveram um dia de pura diversão em comemoração ao Dia das Crianças. Ao longo do dia, as crianças e jovens  puderam se divertir com brinquedos como pula-pula, touro mecânico e escorregador, além de muitas brincadeiras e uma gincana cheia de desafios divertidos e criativos, como a produção e declamação de um poema com o tema Infância. Leia abaixo o poema vencedor, do aluno do 5º ano B, Kaíque Luan.



Eterna Infância


Ser criança é viver brincando
Achar graça em tudo que acontece
Passa o dia correndo, aprontando
Até a hora que anoitece

Quando dorme, os sonhos vêm flutuando
Aí, a imaginação floresce
Inventa mil brincadeiras,
Quebra vidros, bagunça a casa
E a mãe diz: “Ninguém merece!”

Aí o tempo passa
E a gente cresce
E a infância tão divertida
Fica pra trás, esquecida
Tempo que não volta mais

Mas se olharmos dentro do nosso coração
Lembraremos dos tempos bons
É como diz a canção:
“E a gente canta, a gente dança,
A gente não se cansa de ser criança
Na nossa eterna infância”




Para os pequenos ou para aqueles um pouco mais crescidinhos, o que não faltou com alegria e diversão. Veja as fotos e confirme!



VISITA EDUCATIVA: Memorial da Resistência

Alunos do 9º ano realizaram visita educativa ao Memorial da Resistência, no dia 01/09/2015. Os trechos dos relatos de Vinícius Sobrinho (9º B) e Ygor Montmor (9º C) descrevem a experiência de visitar um dos locais mais emblemáticos do Regime Militar no Brasil, cenário de torturas e outras violências durante o período de repressão.
“A ida ao Memorial da Resistência foi uma experiência importante para mim, pois me fez entender um pouco mais sobre o regime militar, como, onde e porque ocorriam as torturas. Vi lá que em apenas um de muitos DOPS (Departamento da Ordem Política e Social) houve muitos registros de desaparecidos e de mortos. Mostraram-nos 4 celas, 1 corredor e 2 salas. Na primeira sala em que entramos tinha fotografias e acontecimentos escritos nas paredes (...) o mais interessante foi as celas, pois ficamos sabendo de coisas que aconteceram (...) na 2ª cela havia máscaras de papel na parede e em cada uma havia um nome completo e um vidro com informações; na 3ª cela, havia mais detalhes como colchonetes, privada, pia etc, e também muitos nomes e datas de prisão (...) na 4ª cela havia fones para escutarmos depoimentos de vítimas desta injustiça. (...) Apesar da grande maioria de tudo ter sido reconstituído (os policiais que trabalhavam lá demoliram, pois é crime fazer tortura de qualquer forma), foi muito bom conhecer um pouco mais da história brasileira.” (Vinícius Sobrinho)
“Disseram coisas que me chamaram a atenção no museu. Me surpreendi como eram críticas as situações que eles ficaram depois de presos por acusações sem fundamento; uma simples opinião levar para a prisão. No museu, achei muito interessante as celas, o lugar onde eles tomavam banho de sol, os depoimentos gravados, as pessoas importantes que passaram por lá.” (Ygor Montmor)

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Cultura Brasileira em destaque no mês do Folclore

Conto de assombração "Procissão dos Mortos" adaptado para teatro pelos alunos do 6º ano A


No dia 28/08/2015, foi realizado o dia de comemoração ao folclore e à cultura brasileira na nossa escola. Participaram em diferentes horários, 5ºs e 6ºs anos e 8ºs e 9ºs anos, cujos alunos viram artesanatos, músicas, danças, seminários, teatro etc. Tudo isso e muito mais foi apresentado pelos grupos nos dois horários, no pátio.
A ideia surgiu em uma reunião com os mediadores de leitura e as professoras Nágila e Neuza. Foi uma forma de conseguir interagir mais com os alunos e para eles entrarem mais atividades da nossa escola.
No período da manhã, os alunos do 1º ao 4º ano puderam desfrutar de brinquedos e brincadeiras tradicionais, como pé-de-lata, pula-corda, peteca, amarelinha, brincadeiras de roda, corre-cutia, escravos-de-jó. Todos os brinquedos foram feitos pelas próprias crianças, usando sucata e com a orientação das professoras e professores das turmas.
À tarde, os destaques foram as peças de teatro “Procissão dos Mortos”, organizada pelos alunos de 6º ano, e a adaptação de um trecho do Sítio do Picapau Amarelo, de Monteiro Lobato, apresentada pelos alunos da Professora Sônia (5º A). Outro ponto alto foi a apresentação sobre Capoeira, que entusiasmou o público. Veja as fotos abaixo.




segunda-feira, 28 de setembro de 2015

PROJETO “LER É BOM, EXPERIMENTE”

Durante o 2º bimestre, os alunos do 6º ano realizaram a leitura do livro “Acontece”,  de Laé de Souza. Os exemplares da obra foram enviados para a execução do Projeto “Ler é bom, experimente”, organizado com o objetivo de incentivar práticas de leitura e de produção junto aos alunos da rede pública.
O livro “Acontece” é uma coletânea de crônicas divertidas, retratando o cotidiano das pessoas comuns. Os alunos, nas aulas de Língua Portuguesa e com o apoio na POSL Nágila,  passaram por orientações, compreendendo as características do gênero crônica e sendo avaliados a partir do preenchimento de ficha de relatório de leitura, enviado pelos organizadores do projeto junto aos exemplares da obra.  Cada aluno foi presenteado com seu exemplar de leitura e todos foram convidados a participarem de um concurso de redação, no qual deveriam escolher uma personagem marcante da obra lida e criar uma nova narrativa preservando as principais características dessa personagem.

Divulgamos abaixo as três produções premiadas em nosso concurso de redação e aproveitamos para parabenizar as vencedoras e todos os alunos participantes.

1º LUGAR – 6º ANO A

Aluna: Rafaela Rodrigues.

TERROR DE UM PERFECCIONISTA
            Anastélgico, um homem tão perfeccionista, jamais se imaginaria naquela situação.
            Estava tendo alguns problemas de arquitetura em sua empresa, então recorreu a seu amigo Lucas, arquiteto, decorador e tudo mais.
            Naquele final de semana, Lucas estaria cuidando de seus filhos. Por fim, decidiram que Anastélgico iria em sua casa. Lucas morava em um apartamento, então esperaria seu amigo na portaria. Anastélgico chegou e os dois subiram.
            Já no elevador resolveram algumas coisas... Chegaram! Anastélgico ficou horrorizado com o que encontrou: a  casa estava em completa desordem !
            Anastélgico ficou bastante incomodado com aquilo. Seu amigo percebeu e lhe perguntou o que tinha acontecido. E ele respondeu. Quando Lucas absorveu aquilo, ficou abismado!
            - Meu amigo, perfeição não leva a nada! Pra que ter uma casa arrumada sempre e não perder tempo com aqueles contratempos do dia a dia de não saber onde está o sapato e coisa e tal? Ah, mas é tão legal, engraçado às vezes... Perfeição é chato!
            Anastélgico absorveu aquelas palavras, pensou naquilo como nunca. Bom, se ele começou a usar isso, só na próxima, não é?

***


2º LUGAR – 6º ANO C
Aluna: Isabelly Gonçalves Azevedo.

A JULGADORA
            Joana é uma garota de 14 anos, seu físico é perfeito aos olhos humanos, mas seu caráter nem tanto. Ela adora julgar os outros, mas odeia ser julgada.
            - Oi, Jô, tudo bem? – disse sua amiga Laura.
            - Oi, Lau, tudo sim. E você?
            - Tô bem. Vamos antes que a gente se atrase para o trabalho.
            - Aafff. Você viu quem e a líder do nosso grupo? A Denise só fala que vai fazer tal coisa, mas não faz nada. Ela deveria ser igual à Roberta, que além de ter os melhores trabalhos, faz tudo o que pensa. No final, quem sempre tira uma boa nota é o grupo dela e não o nosso.
            Laura apenas ouvia e nada falava, já estava acostumada com a amiga falando mal de todo mundo.
            - Bom, chegamos. – Laura disse apertando a campainha da casa de Denise e logo a mesma veio atendê-las.
            - Oi, meninas, chegaram na hora certa! Vamos começar o trabalho agora.
            Depois de tanto discutirem de que seria feito o trabalho e como, entraram em um acordo e começaram a fazer o trabalho, até que Joana diz:
            - Nossa, Denise, você é uma ótima líder. Tudo o que fala cumpre. Não acharia uma líder melhor do que você!!!
            - Não é bem isso que você me disse, Joana. – diz Laura, provavelmente cansada de toda a patifaria que Joana fazia.
            - Não entendi... – diz Denise se desfazendo do sorriso.
            - Laura, fica quieta!
            E assim começaram uma breve discussão...
            - Tá, me desculpa, Denise. – disse ela cabisbaixa.
            - Te desculpo. Mas não julgue ninguém antes de saber toda a história dela. 

 ***

3º LUGAR – 6º ANO B
Aluna: Eduarda Fanta Ferreira.

A PROTEÇÃO DA MÃE
            A mãe sempre quer proteger seus filhos. Em casa, a mãe fala com você para ir almoçar, jantar, tomar banho, dormir. Às vezes nós pensamos: “Que saco, ela não para de brigar comigo!”
            Na rua a mãe sempre pede pra você sair do meio da rua, parar de pedir doces porque faz mal, até quando ela está te ligando e você não atende o celular e ela fica furiosa.
            Quando você fala que vai na casa de um amigo, ela já fala:
            - Quem é esse amigo? O que você vai fazer lá?
            Ela sempre vem com aquele papo: “Quem com porcos anda, farelo come”. Na maioria das vezes, fala que seus amigos são más companhias. Sempre fala que você precisa estudar mais, porque, se continuar assim, vai falar com seu pai.
            Elas sempre falam:
            - Você só vai dar valor a mim quando seus filhos tiverem dando trabalho!
            E é verdade. Por isso que a gente sempre tem que dar valor a nossa mãe. Porque a gente nunca sabe o dia de amanhã.


Acesse o site do Projeto Ler é bom para maiores informações: www.projetosdeleitura.com.br


sábado, 2 de maio de 2015

Jovens Mediadores 2015 em Ação na EMEF Achilles

O ano de 2015 começou com muita animação para os Jovens Mediadores da EMEF Achilles. 
No dia 13 de fevereiro, todos os alunos participaram de um divertido baile de carnaval, promovido pelos Mágicos da Leitura, os nossos mediadores.

A Fernanda Rosa, uma mediadora veterana do 9º ano, relata como foi participar dessa folia.

Nosso baile de carnaval foi incrível. Primeiramente, os mediadores organizaram um festa carnavalesca com muitas brincadeiras e fantasias para as turmas de manhã. Á tarde, todos se divertiram muito: teve dança, música e... FANTASIA! Sim, foi um baile de carnaval e também um baile a fantasia. Foi organizada uma competição com um prêmio para a melhor fantasia feita a mão.
Tudo foi divertido demais, com muita dança e muita festa. Mas, também foi um pouco cansativo para nós mediadores que ficamos das 7:00 até as 18:00, não deixando a animação diminuir. 
Mesmo com o cansaço foi muito divertido ver as crianças das turmas da manhã curtindo muito.  Nós, da mediação, fizemos a decoração do pátio, brincamos e pulamos junto com as crianças.
Já o pessoal da tarde começou o baile com marchinhas tradicionais e finalizou com muita animação. Na mesa de som, estava o Prof. Willian.. O concurso de fantasias foi realizado e, para nossa surpresa, o grande destaque fomos nós mesmos, os mediadores, que estávamos todos fantasiados desde a manhã. Eu acho que os alunos estão gostando desse novo Achilles, que tem festinhas e concursos. É muito legal participar, tanto ajudando na organização como se divertindo no baile.  Espero que venham muito mais festas e apresentações. Tenho certeza que todos que foram se divertiram muito como eu.
 

domingo, 7 de dezembro de 2014

SÃO SÓ LEMBRANÇAS...

Publicamos abaixo mais uma das crônicas produzidas pelos alunos de 8º e 9º anos que participaram do Concurso Literário Flink Sampa 2014, sobre a vida e a obra da grande escritora Carolina Maria de Jesus.

Carolina Maria de Jesus em noite de autógrafos no lançamento de seu livro



                           São só lembranças...

Dizer adeus nunca foi muito meu forte.

Esta casa tem grande valor para mim, pois aqui vivi momentos imensamente felizes, e também tristezas marcantes. Agora, tenho de deixá-la.

Aqui cresceram Laura, Diana e o pequeno Cristiano, - “Ah meu Cristiano, quanta falta você faz!”.

 Me encontro agora empacotando pedaços de um passado que levarei comigo. Desde moça eu tenho o costume de guardar recordações. Vasculhando caixas, deparei-me com as fotos de minha família.Tempos difíceis.

Morávamos os sete numa casinha no meio da roça. Meus pais se conheceram na Bahia, onde casaram e viveram boa parte de sua vida. Passávamos inúmeras dificuldades e tivemos de aprender a ser unidos. Papai ganhava pouco, o aluguel vivia atrasado. Mamãe lavava roupa para fora e quando não tinha clientes vendia doces na cidade. Lembro-me como se fosse ontem: eu e os pirralhos levando a maior surra por tentar pegá-los às escondidas. Quanta vontade, quanta fome passamos ali.

Viemos para São Paulo quando eu tinha quinze anos, em busca de emprego. Ajudava muito em casa. De todos nós, a caçula Luiza foi a única a frequentar escola no período certo. Os outros entraram atrasados e por isso eram alvos de chacota dos “canetinha Silva Penha”, os fresquinhos que possuíam bons livros e as tais canetinhas caras, que eram o sonho de várias crianças na época.

 Zezinho era o segundo mais novo. Eu já tinha doze anos quando ele nasceu. Era de todos o mais arteiro e já havia levado incontáveis surras antes mesmo dos sete anos. Eu  e Zezinho somos os únicos vivos.  

Depois de um tempo que deixamos a Bahia, mamãe passou a trabalhar dobrado, pois meu pai caíra doente de tanto trabalhar. Meu pai foi outro forte, que viveu até os noventa e dois anos, e chorou a morte daquela que tanto o amou. Mamãe faleceu aos oitenta e sete. Meus irmãos já eram crescidos e passaram a sustentar a casa com seus trabalhos.

Luiza foi a que conheceu o trabalho mais tarde. Estudou até o terceiro ano e logo arrumou um emprego de vendedora.

Todos nós arranjamos sequelas daquela época, Luiza em sua saúde, Marlene que já é falecida, urinava todas as noites em sua cama e dizia ter medo de algo que nem ela mesma sabia descrever. Cláudio, que também já faleceu, vivia cheio de manchas de surras por não saber o limite de papai. Lembro-me dele chorando com fome e papai mandando-o ir dormir para que esta se fosse.

Eu, por ser a mais velha, presenciei muitas brigas de meus pais e consolei diversas vezes minha mãe por sentir-se envergonhada de não poder comprar presentes para os pequeninos no natal e em seus aniversários.

Foram tempos difíceis aqueles e mentiria ao dizer que sinto saudades, mas queria poder rever cada um de meus irmãos e beijar meus pais.

Já tive que me despedir tantas vezes...

Lá vou eu! Encontrar-me com novas tristezas e novas felicidades. Sensações e sentimentos que se tornarão apenas lembranças.
 
(Rafaela Gomes Mota - 9º ano B)
 
Para saber mais sobre Carolina Maria de Jesus:

LAMÚRIAS DE UM TEMPO ANTIGO


Publicamos a última crônica inscrita no Concurso Flink Sampa de Literatura 2014, que teve como tema a escritora Carolina Maria de Jesus e sua obra "Quarto de Despejo". Aproveitamos para parabenizar aos alunos que representaram a EMEF Achilles com seus textos.

Lamúrias de um tempo antigo

Ali parada, no meio da rua, chorou.

Há muito já não tinha vida. Era uma existência fria, vazia, plenamente exata. Não haveria reviravoltas, alegrias ou tristezas, paixões ou desilusões; sua vida era tão previsível quanto o nascer do sol ou a rotação da Terra.

As marcas daquela existência sofrida escancaravam-se no seu rosto: rugas, talhos fundos em sua face, como que feitos à navalha. Os olhos leitosos, de cor indefinida; olhos que praticamente não enxergavam mais nada; e que, porém, já haviam visto muito. A cabeça alva que denunciava as primaveras avançadas.

Ainda se recordava daquela rua. Com a memória, derrubava as casas e prédios, o asfalto e a tinta; e quase conseguia reconstruir as macieiras, o casarão, as sinhazinhas correndo pelo gramado, os negros, indo e vindo com seus próprios afazeres, sonhos e humilhações. Não passava de uma criança, dois ou três anos talvez.

As lágrimas escorriam sem perceber. Os carros no tráfego pararam, mas ela não ouvia as buzinas; e sim os gritos, as lamentações, os apelos de misericórdia de outrora. Os carros esperavam; algumas pessoas observando no meio-fio, aquela senhorinha negra chorando as lágrimas de milhões de antepassados.

De repente, o baque, um som oco, um corpo ao chão. Passados cinco impressionantes segundos, um filho de Deus se dignou a socorrê-la. A senhorinha agonizava próxima à faixa de pedestres, e em sua alma sentia o flagelo e a desolação de milhares de antepassados.

— Minha senhora! O que está sentindo? Senhora! — não houve resposta, mas se tivesse havido, talvez aquelas vozes de suas memórias se juntassem à sua no grito.

Alguém conseguiu uma ambulância, e logo ela estava sobre a maca, ainda agonizando.

— Pelo menos, não morreu ali naquela contramão, atrapalhando o tráfego. — alguém disse depois.

Ninguém sabia seu nome ou endereço. O cadáver mal-cheiroso era apenas pele, costelas proeminentes e joelhos ossudos. Há quem diga que havia marcas em seus pulsos e tornozelos, marcas de algemas e correntes. Há também quem jure que havia sangue seco em suas vestes. Apesar disso, no óbito constava apenas ataque cardíaco.

Ela morreu, mas o mundo continuou. Talvez ela houvesse previsto a própria morte. Talvez tivesse ido até ali para morrer. Quem sabe? E quem se importa? Afinal, pessoas morrem todos os dias. Ela havia ido para junto dos seus.
(Giovana Bastos Oliveira - 9º ano B)

Para saber mais sobre Carolina Maria de Jesus: