No 3º bimestre de 2014, está sendo desenvolvido um
projeto interdisciplinar com o tema, a "Ditadura Militar no Brasil",
articulando a Sala de Leitura com os professores de História do 9º ano - Neuza
Carvalho, Willian Sartório e Carol Sevilha. Uma das ações previstas foi a
participação de cerca de 80 alunos dos 9ºs anos em uma visita monitorada ao Memorial da
Resistência, nos dias 30 e 31/07/2014.
"O Memorial da
Resistência de São Paulo é uma instituição dedicada à preservação de
referências das memórias da resistência e da repressão políticas do Brasil
republicano (1889 à atualidade) por meio da musealização de parte do edifício
que foi sede, durante o período de 1940 a 1983, do Departamento Estadual de
Ordem Política e Social de São Paulo – Deops/SP, uma das polícias políticas mais truculentas do
país, principalmente durante o regime militar." (fonte: http://www.memorialdaresistenciasp.org.br)
O relato da visita e o seu impacto na formação desses
jovens foi feito pelo aluno Roberto Taroco (9º ano B), que pode ser lido
abaixo.
VISITA AO MEMORIAL DA RESISTÊNCIA
por Roberto Taroco
No dia 30/07/2014, nós,
alunos dos 9º anos da EMEF Achilles, fomos até o Memorial da Resistência, onde
durante a Ditadura Militar funcionava o DEOPS, e foi de longe, uma atividade
muito diferente.
Uma das melhores partes
de ter ido lá, foi poder saber um pouco mais sobre como funcionavam as prisões
políticas e principalmente o que acontecia com quem ia contra a forma de
governo durante os regimes ditatoriais.
O espaço lá é muito
bacana, nós fomos muito bem recebidos.
Logo na entrada, havia
uma exposição sobre futebol (sempre ficam lá exposições temporárias), já que
poucos dias atrás havia acabado a Copa do Mundo; mas não era apenas uma
exposição sobre futebol de forma geral não, ela abrangia uma parte mais
esquecida desse esporte, a sua ligação com a política. E não só agora. Muito
pelo contrário, havia textos e informações sobre como funcionava o futebol na
época do Regime Militar e também havia algumas informações dos dias de hoje,
mas é claro, relacionados à política.
No centro, tinha uma
televisão com alguns ex-esportistas ou pessoas relacionadas com futebol da
época, dando detalhes de como funcionavam os jogos, como era a torcida, o que
ocorria nos bastidores dos jogos, e como era importante esse esporte para o
Brasil.Um dos relatos até dizia que quando alguém era exilado, era quase uma
tortura ficar sem futebol, como no caso de um dos homens do vídeo, que foi
exilado em Cuba, e lá sequer se ouvia falar nesse esporte.
Não demoramos muito na
exposição, até porque, não estávamos lá para isso. Nos dividimos em dois
grupos, e então as nossas guias seguiram com os grupos para lugares diferentes,
mas no final todos vimos as mesmas partes.
Na primeira sala havia
uma maquete de como funcionou a delegacia, mas o mais interessante dessa
maquete, é que ela estava incompleta, não por erro, mas propositalmente; ela
foi feita com relatos de ex-presos de lá, e procurava ser o mais fiel possível
com o que eles viam, não era muito, até porque eles não saiam de suas celas
para nada além do banho de sol ou serem interrogados e torturados.
Havia lá também, uma
linha do tempo, que foi o que mais me chamou a atenção na sala (aposto que não
só a minha, mas a de todos também). Ela fazia uma ligação entre os fatos
políticos que aconteciam no Brasil, com os mandatos, a ditadura, e também com o
que acontecia no exterior, mostrando se isso afetava de alguma forma nosso
país.
Após isso, fomos ver a
parte das celas e, como era de se esperar, onde surgiam as mais diversas
dúvidas, mas a maioria podia ser respondida com os textos que havia nas
paredes, que eram curtos, mas diziam muita coisa, pois eram de quem já ficou
preso lá. Coisas como ''Usaram meus filhos contra mim''; ''Ficavam aqui até 18
pessoas''; ''Ficávamos até 150 dias sem tomar banho''; ou ''A tortura começava
com o barulhinho da chave na porta''; eram as frases que mais chamavam a
atenção, e eram as mais impactantes também.
Fomos no corredor onde
havia o banho de sol dos presos, e onde também diziam que se tramavam os planos
para ninguém entregar o outro na tortura, e coisas do tipo. Um corredor não
muito grande para o número de pessoas que havia lá, e de certa forma, era tão
ruim quanto uma cela.
Mas a ''pior'' parte, sem
dúvida foi na última cela, onde haviam os fones, e no centro, tinha uma flor,
um tanto quanto fora do convencional, pois era um cravo vermelho. Na sala,
podia-se ouvir relatos de ex-presos, que contavam como era a vida lá, e acho
que a parte que mais marcou a visita, foi poder ver os diferentes rostos
ouvindo as vozes (muitas vezes com tom emocionado, ou desgastadas) e as
diversas formas de como os outros alunos pareciam encarar isso, de como
funcionava a solidariedade lá dentro, da função simbólica e poética do cravo e
das perdas que aconteciam, sem poderem nem sequer ser questionadas.
De uma forma geral, foi
sensacional, porque além da ótima explicação das guias, nós escutamos relatos
de quem viveu aquela época e já foi preso, e isso é melhor que qualquer
explicação que possa ser dada.
Relatos que a maioria ali
que ouviu não vai esquecer e, com certeza, começará a olhar de outra forma para
o que acontecia naquela época.
Estamos ai :D
ResponderExcluirParabéns, professores e alunos! Em especial, parabéns ao Roberto Taroco - Excelente texto - EMOCIONANTE. Gislene
ResponderExcluirBrigado, Gislene =P
ResponderExcluirMarcos <3 ><
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