terça-feira, 13 de agosto de 2013

CONTO DE MISTÉRIO - O MISTÉRIO DOS ESPELHOS

 
 
 
Finalizando as publicações dos contos de mistério e horror premiados no Concurso realizado com os alunos de 8º ano (7ª série), sob orientação da Professora Rosmeiry (Português), apresentamos a história cheia de suspense criada pela aluna Rafaela Gomes. Todos os contos produzidos foram inspirados na obra "O Retrato Oval", de Edgar Allan Poe.

O mistério dos espelhos*

 

            Eu já estava cansada de esperar a vovó chegar da tal loja de móveis usados. Já haviam se passado três horas e nem sinal dela! O pior era que estava um tremendo frio e eu, impaciente como sempre, não via a hora de ela voltar para que pudesse ir à casa de Dora. Cansei de esperar: coloquei um casaco, luvas e botas de frio, tranquei a porta e pus a chave no vasinho de plantas que tinha próximo ao tapete da porta de entrada.

         Chegando à casa de Dora, começamos a conversar e ela quis me mostrar um tal espelho que sua mãe havia ganhado de uma prima distante. Confesso que não entendi por que Dora se impressionara tanto com aquele espelho sem graça; começou a escurecer e tive que voltar para casa. Foi só eu abrir a porta, que minha avó já começou a querer me mostrar o que ela havia comprado. Eu fui ver - e acreditem! - era um espelho parecidíssimo com o da casa de Dora. Vovó colocou-o na sala, perto dos sofás e da mesinha de telefone. Até que era um espelho bonito, mas eu ainda não entendia por que minha amiga se entusiasmava tanto ao falar dele.

         Depois de tomar um banho e comer aquela deliciosa lasanha que a vovó preparara, resolvi ler um pouco na sala: fui lendo, lendo, até que comecei a sentir algo estranho, parecia que eu estava sendo observada. Mas como vovó já fora dormir, achei que fosse uma mera impressão. Continuei a ler, depois fui dormir.

         Na manhã seguinte, encontrei Dora na escola e lhe contei que minha avó havia comprado um espelho parecidíssimo com o de sua casa, mas, antes que eu pudesse terminar de falar, ela me cortou e começou a dizer que ela, que uma vez se sentira atraída pelo espelho, agora sentia medo, pois parecia observada quando ficava sozinha perto dele. Eu pude perceber seu medo e, por isso, achei melhor nem dizer que me sentia do mesmo jeito.

         Quando cheguei a casa, fui investigar cada canto daquele espelho sinistro e pude perceber que, entre o vidro e o fundo de madeira, havia uma brecha a qual continha um foto. Eu o retirei da parede e o desmontei de forma que pudesse ver melhor a fotografia. Nela havia uma mulher um tanto velha, um homem e duas crianças, mas todos pareciam tristes. Observando bem, pude notar que o espelho aparecia bem lá no fundo da foto sobre um piano. Achei curioso, mas nada que explicasse minha sensação diante daquele objeto. Guardei a foto no meio de um livro e fui para a casa de Dora. Mostrei-lhe a fotografia e disse que a encontrara no espelho. Dora disse que queria ver se havia algo parecido no dela e me pediu para ajudá-la. Eu a ajudei e encontramos uma fotografia parecida, porém, na de Dora, as pessoas demonstravam estar felizes e, nesse momento, comecei a me assustar. Por que dois espelhos iguais teriam aquelas fotografias em seu fundo? Não havia resposta.

         Então fomos à loja onde minha avó comprara o espelho e o atendente nos forneceu o endereço do fabricante. Fomos até sua casa, que era muito velha e sombria. Contamos a ele sobre nossas sensações diante do espelho e sobre as fotografias descobertas. Ele nos relatou a seguinte história:

         “Eu havia terminado os dois espelhos, os únicos que eu havia feito, mas sentia que faltava vida neles. Então, chegaram a minha casa meu irmão com minha cunhada e seus dois filhos. Nós conversamos muito e, por fim, tirei deles duas fotografias, ambas com o espelho atrás, no cenário. Em uma das fotos eles estavam felizes; na outra, tristes. Depois de revelá-las, algo me disse que eu as pusesse nos espelhos e eu as coloquei...”

         Assim que nos contou aquilo, eu e Dora ficamos com medo e falamos ao fabricante dos espelhos, o senhor Holles, que estávamos sentindo receio daqueles objetos. Perguntamos se ele podia nos explicar o motivo de tais sensações. Ele olhou para os lados, disfarçou, mas, no final, disse-nos que, depois de ele colocar as fotos nos espelhos e vendê-los, seu irmão ficara muito doente e morrera; o mesmo acontecera com seus sobrinhos e sua cunhada, mais tarde, num acidente de carro. Nunca mais ouvira falar dos espelhos, somente quando nós duas fomos a sua casa. Ele também falou que aquelas sensações poderiam estar relacionadas às fotos, disse que não sabia nos explicar, mas que, depois da morte da família de seu irmão, ele não sentia mais paz. 

         Eu e Dora corremos para casa, depois de nos despedirmos do senhor Holles. Ao chegarmos lá, queimamos as fotos juntas e quebramos os espelhos. Depois, eu inventei algo para minha avó e Dora para sua mãe.

         Após esse dia, eu e Dora voltamos a ficar como antes e tudo ficou bem até o dia em que Dora estava em minha casa e chegou uma poltrona que a loja veio entregar a minha avó...

 

 

Rafaela Gomes – 8º ano .
 
* 1°  colocado no Concurso de Contos de Mistério e Horror 2013 da EMEF Des. Achilles de Oliveira Ribeiro
  
Se os três contos produzidos pelos alunos e publicados neste Blog inspiraram o desejo de conhecer um pouco mais de  Edgar Allan Poe, não deixe de visitar o blog dedicado inteiramente ao grande escritor norte-americano, organizado pelo também escritor, ativista cultural e crítico de cinema Ademir Pascale, o Poe's Club, no endereço http://poesclub.blogspot.com.br/.
 
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