terça-feira, 26 de novembro de 2013

Se não é aguda, é crônica.*

Fernando Sabino escreveu que "crônica é tudo o que o autor chama de crônica". Esse gênero tão apreciado pelos leitores brasileiros geralmente capta um flagrante do dia a dia e o apresenta ao leitor sob um olhar agudo e atento, que pode ser irônico, sério ou poético. Nascida como um texto para o registro dos acontecimentos históricos e verídicos, a crônica transita, hoje, entre a esfera jornalística e a literária.
As turmas de 8º ano (7ª série) se aprofundaram nas leituras e reflexões sobre a crônica brasileira, em que, por meio de um texto mais leve, são expressas as vivências e sentimentos próprios da cultura do nosso país. A partir disso, produziram seus próprios textos, sob orientação da Profª Rosmeiry (Português). Das produções, três foram premiadas e serão compartilhadas neste Blog.
Segue a primeira. Esperamos que apreciem...



 

A idosa

            Vovó Alice, uma idosa de 66 anos, tinha dois filhos – um casal, e dois netos - os dois da filha Joana . Casada por 35 anos com o Sr. Antônio, morava em São Paulo, zona norte, no Jardim Cloves. Uma mulher sempre educada, brincalhona, adorava crianças, mimava os netos e sempre apaixonada pelo marido.

            A vovó conheceu o vovô Antônio numa festa, namoraram por dois anos e aos 20 se casaram. Eles sempre bem de vida, com carro de luxo, casa bonita, caras roupas de marca e tudo de mais valor. Depois de um ano de casados, a vovó descobriu que o amor dela era metido  a assaltos a bancos, descobriu isso quando ele apareceu em casa com grande valor em dinheiro. Com isso, ela passou a investigar, ficaram em crise no casamento durante oito meses. Com o tempo, ela se acostumou e nunca se intrometeu no serviço dele. Criou os filhos que se formaram e, já casados, só ficaram ela e o marido na casa. Todos os finais de semana, eles tinham lugares diferentes para passear, tinham uma ótima vida.

            Numa madrugada de sábado, o vovô foi a um assalto. No processo desse crime, ele teve troca de tiros com a polícia e levou um no peito, não resistindo e morrendo aos seus 65 anos. Isso foi um choque para a família, mas a vovó não suportou foi outra perda muito forte, de suas condições ótimas de vida. Foi morar com a filha e o que a estava deixando viva eram seus netos.

            Passaram 10 meses, ela já não tinha o que fazer, mas logo teve uma ideia e disse para si mesma: “Vou assaltar um banco em homenagem a você, Toninho!”

            Passou um dia planejando o assalto e marcou para cometer a infração no nascer do sol, no banco Itaú, na travessa da Oriental. Então, em pleno dia  foi sozinha com um carro, cometeu o assalto, roubou 50 mil, mas a polícia foi acionada e conseguiram pegá-la. Foi presa, pegou 15 anos de pena. A família ficou chocada, mas com o tempo entenderam.

            Na prisão, ela estava feliz e falava: “Minha hora está chegando. Aí eu vou terminar a minha vida completa”.

            Faleceu após oito anos, foi enterrada ao lado do marido e, como ela dizia, ela fez a história e ficou conhecida como a “vovó bandida”.

MORAL: O amor não acaba nem após a morte. 

(3º lugar: Júlia Beatriz Santos Sobrinho)


* O título da postagem faz referência a resposta de Rubem Braga a um jornalista que lhe havia perguntado o que é crônica.

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